domingo, 7 de junho de 2015

Oh, pai. Quanto me fez sofrer e chorar nas noites em que ia dormir sem um beijo seu

Pai - O amor que nunca tive.

Eu queria seu beijo, quem sabe apenas um sorriso de aprovação, algo que me fizesse sentir orgulho em saber que se orgulhava por ser meu pai. 

Mas, por mais que tentasse, por mais que fizesse para me notar, só recebia o seu silêncio.

Oh, pai.

Quanto me fez sofrer e chorar nas noites em que ia dormir sem um beijo seu, imaginando o que tinha feito de errado?

E quando me lembro de vê-lo em pé, com o dedo em riste, me acusando, repreendendo, gritando sem parar, percebo que aqueles eram o únicos momentos que fazia questão de me lembrar que era o meu pai: 

"Eu sou sei pai e você vai me obedecer!!"

Você era o dono do castelo, o senhor todo poderoso que provia a casa, e como eu te admirava por ser tão forte. Só que meu grande herói nunca foi capaz de me dar algo que eu tanto precisava, como ouvi-lo dizer uma única vez que me amava! 
Sim, sei que para você o amor era algo que não se devia demonstrar, que muito de sua autoridade era fruto deste seu comportamento.

Depois, vinha o abandono, o desprezo...

Você ligava a televisão e ficava lá, fingindo que eu não existia. 
E só notava minha presença quando, por mais que tentasse engolir o choro, me escutava soluçando: 

"Cale a boca! Pare de chorar, agora!"

É, nossos diálogos eram assim: 

"Faça o que eu mando e suma da minha frente!"


Pai, você foi o primeiro homem que amei...

Juro, fiz de tudo para continuar a amá-lo, mas um dia eu cresci e este amor foi morrendo, restando apenas um desejo de um dia, quem sabe, ao perceber o mal que me fez, me pedisse perdão...

Só que você sempre foi macho, e como macho você cresceu acreditando que o orgulho de um homem jamais deve ser maculado por uma fraqueza, como reconhecer que foi incapaz de ser pai!

Hoje eu te vejo acabado, com toda sua maldade estampada em seu rosto, e não consigo compreender como um dia pude fazê-lo minha razão de viver. Até me irrito quando nos meus momentos de raiva dizem que somos parecidos...

Que engraçado, né? 
Todo mundo sente orgulho em "puxar" ao pai, menos eu.


Só que agora você não pode mais me atingir.

E não sinto ódio de você, pode acreditar. 


 Agora o que eu sinto é alívio. 

Sim, eu me sinto livre e muito mais tranquila porque descobri que sua maior influência sobre mim vinha de sua rejeição.

Por mais que você ainda faça questão que eu saiba que desaprova tudo o que faço, que ainda tente me mostrar o quanto me odeia por ter me libertado desta dependência, mesmo assim você não pode mais me atingir. 

Seus gritos, sua autoridade, nada mais pode me atingir.

Hoje você não me deve nada...
Nem mesmo um pedido de desculpa.

Estou livre...

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O VÍCIO DA ILUSÃO