domingo, 21 de dezembro de 2014

Pelo bem dos seus filhos

"Respeitável públicoooo!!!.
O espetáculo vai começar!!!!!"


Todos os dias, no mesmo horário, a vizinhança já sabe que o casal de psicóticos vai dar mais um de seus shows de horrores!

E tome gritaria, palavrões, porradas na cara, pratos se quebrando, portas batendo, panelas voando...
Pra quê brigarem dentro de casa, se na rua é bem melhor? Claro, a platéia é bem maior, dá até para interagir com o público - no caso, a vizinhança:
“Vão dormir, seu loucos!!!!!!!”.

E tudo isso ao som do choro dos filhos - maiores vítimas destes irresponsáveis.

Tudo bem, no começo o pessoal até corria para as janelas para ver a palhaçada. E não é que tinha até torcida? Sim, porque metade dos vizinhos morria de pena de você, enquanto que o resto achava que seu marido era a vítima.

Bem, mas isso foi antes, porque agora eles sabem que nenhum dos dois vale nada.

Tanto que hoje, depois de anos e anos de brigas, os vizinhos nem ligam mais. Podem ouvir gritos de socorro, ameaças de morte, que ninguém mais se preocupa. Alias, vocês já são bem conhecidos na central de atendimento da policia. Sabe como é, o policial nem precisa mais anotar o endereço para enviar uma viatura. E não é só isso, porque o hospício (ops, casa) onde moram já virou ponto de referência no bairro:
"Eu moro dois quarteirões depois da casa dos loucos".

Posso afirmar com toda convicção do mundo, que seus filhos não sofrerão tanto se vocês se divorciarem, viu?

Claro, porque tem sempre aquela desculpa idiota de que vocês permanecem unidos pelo bem dos filhos!!!

Eu passei a maior parte da minha vida vendo os meus pais brigarem, e isso não fez nenhum bem pra mim!! Aliás, todas as vezes que vejo uma briga de casal, eu não me preocupo com os gritos da esposa, dos dramas que que os maridos fazem, mas com os filhos.

Passa um filme na minha cabeça e eu me lembro de como eu chorava e implorava para eles pararem. Isso quando eu não corria para me esconder no meu quarto, e ficava lá, deitado na cama, morrendo de medo que acabasse sobrando pra mim.

Sim, porque eles sempre precisam dos filhos como juízes.

O problema é que a gente sempre se ferra.
Se eu ficava do lado da minha mãe, me ferrava com meu pai; se ficava do lado dele, me ferrava com minha mãe.

E se eu não ficasse de nenhum lado, me ferrava com os dois!!

Eu era forçado a dizer quem estava com a razão, mesmo sabendo que nenhum deles tinha razão alguma.

O despertador em casa eram os palavrões da minha mãe! 

Meu pai acordava as 6:30hs, descia as escadas correndo, nem tomava café da manhã, e ela ia atrás, gritando como uma louca, falando palavrões... Olha, com sete anos de idade eu sabia mais palavrões do que papagaio de pirata...

E aprendi tudo com minha mãe.

Então, depois que meu pai ia embora para o trabalho, para quem você acha que acabava sobrando? Oras, para mim e para o meu irmão, claro.

Cacete, mas eu cansei de apanhar sem nem saber os motivos.

Quando estava com doze anos, já de saco cheio de viver naquele inferno, perguntei para meu pai por que eles não se separavam. Ele arregalou os olhos, parecia que eu tinha falado o maior absurdo do mundo..
A resposta que ele deu: "Não nos separamos pelo bem de vocês..."

Sabe qual é a coisa que eu mais sinto inveja? Das festas de Natal. Eu olhava as casas dos vizinhos, com as luzes da decoração natalina piscando, ficava escutando os risos, a confraternização, e pensava porque aquilo não podia acontecer em minha casa?

Sim, não tinha destas de feriado, não! Em casa o pau comia em todos os dias, até no Natal.

Eles brigavam sete dias por semana!!!

Eu, há muitos anos consegui me libertar do passado, mas meu irmão ainda hoje é um cara revoltado, sem rumo na vida, que fez do inferno que era nossa vida um exemplo. Tanto que ele brigava com a ex-esposa quase todos os dias, muitas vezes chegando à agressão física.

Independente do que somos hoje, nenhum de nós ficou imune às cenas de violência doméstica. Eu fui um cara muito violento por muitos anos, mas meu irmão conseguia ser pior - tanto que foi expulso de três escolas por causa de violência contra outros alunos.   

Por isso, minha cara, se a vida de vocês virou esse picadeiro, não use seus filhos como desculpa. Termina logo, vai cada um para seu canto, que assim será bem melhor para todos.

Sei lá, acho muito mais fácil pagar terapia para os filhos superarem o divórcio, do que pagar o preço de vê-los destruídos emocionalmente antes dos 13 anos.

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